domingo, 30 de janeiro de 2011

Quando Voltar à Paris


Quando visitei Paris em 2006, deixei de ver muita coisa interessante. Um tour de 3 dias não é suficiente para se conhecer a bela Cidade da Luz, é preciso de meses, talvez 1 ano, para apreciar as belezas e conhecer a história daquele lugar encantador. Dizem que Paris é a cidade mais romântica do mundo. Tenho que concordar, em Paris, enamorei-me de mim mesma. Poderia passar horas do dia caminhando pelas ruas e jardins, sem sentir-me só. Gostaria de conhecer bem a língua francesa, porque acho descortês não saber o idioma de origem do local a ser visitado. Paris parece um mundo paralelo, é como fosse envolta por uma fina cortina de fantasia. As pessoas parecem ser mais educadas, o idioma parece poesia e os dias parecem mais curtos por lá.  Quando voltar à Paris, não passarei mais horas e horas enfurnada no museu do Louvre, nem pagarei alguns euros para enfrentar uma enorme fila e subir na Torre Eiffel. Não ficarei entusiasmada com as lojas chiques, com os parques modernos, com os pontos turísticos. Quando voltar à Paris, andarei a pé por toda a cidade, passearei ao longo das margens do rio Sena, sentarei em um Café ou em um de seus belíssimos jardins quando sentir-me cansada. Não comprarei nada supérfluo e não tirarei fotos de monumentos. Farei amizade com um francês ou uma francesa e saberei como é a vida em Paris pelo olhar de um parisiense.

Museu do Louvre - Centro de Paris
Catedral de Notre-Dame/Île de la Cité
Catedral de Notre-Dame/Île de la Cité
Torre Eiffel - Champ de Mars

Lembranças de Veneza


Tive o prazer de visitar Veneza no mês de Julho, época em que os dias são muito claros e quentes. Barganhamos uma lancha e seguimos rumo à charmosa ilha de Veneza. O piloto, muito bronzeado, era um brasileiro, e conversamos durante todo o trajeto sobre os dois mundos: América do Sul e Europa. Aproximando do porto, fascinei-me com a quantidade de turistas chegando e saindo. Nossa guia alertou-nos que ali era fácil se perder do grupo, então decretou-nos a tarde livre para fazermos o que quiséssemos, e marcou para nos encontrarmos em um aconchegante restaurante para o jantar à noite e partida. Resolvi ir a favor da maré e segui uma pequena multidão que caminhava para determinada direção. Logo chegamos à Piazza de San Marco. Que vislumbre. Parecia uma cena de cinema. Um espaço do tamanho de um campo de futebol, no que parecia ser uma enorme sala de visitas ao ar livre. Para todo lado que olhava, encontrava algo agradável para admirar: uma cantora solando uma canção romântica; um pianista; garçons vestidos impecavelmente serviam as pessoas como se elas fossem príncipes e princesas; crianças espalhavam migalhas para atrair os milhares de pombos vienenses; adolescentes tomavam sorvete de casquinha, senhoras elegantes saiam de lojas luxuosas com sofisticadas sacolas de grife... Para amenizar o calor, a primeira coisa que fiz, foi escolher um lugar para provar o famoso sorvete italiano. Escolhi uma gelateria ali mesmo na Piazza di San Marco - Gelateria Al Todaro - e então provei o melhor sorvete que existe. Como turista fidedigna, visitei os principais atrativos turísticos: a Catedral di San Marco, o Campanario, a Ponte dos Suspiros, a loja da Ferrari, Cartier e Empório Armani, uma fábrica de espelhos e lâmpadas a sopro, e, finalmente, parti para o famoso passeio nas gôndolas. Não é muito romântico dizer isso, mas os canais de Veneza fedem. Mas isso não diminui seu charme. Os gondoleiros são engraçadíssimos, eles cantam músicas e mulheres o tempo todo.  Fazem jus seu conterrâneo, Casanova. No início algumas garotas mostram-se constrangidas e tímidas, mas logo se põem a sorrir ou até a gargalhar com os simpáticos e faceiros gondoleiros. Comprei alguns souvenires: duas máscaras de carnaval, um boné da Ferrari e um chapéu para proteger-me do terrível verão europeu. Quando segui rumo ao restaurante para encontrar-me com o grupo, já estava escuro. Saboreamos um delicioso jantar italiano regado a muito vinho barato ao som de Volare, oh oh/ Cantare, oh oh oh oh/ Nel blu dipinto de blu/ Felice de stare lassù...

La Sereníssima Veneza - Piazza de San Marco

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Porque optar pelo curso superior de Turismo?

Quando um aluno termina o ensino médio é comum surgir dúvidas entre ingressar em um curso técnico ou em um curso superior. Para quem pretende trabalhar no ramo turístico e não sabe qual é a opção mais viável, existem algumas diferenças básicas que poderão ajudá-lo a se decidir.
O curso técnico é um curso de nível médio e a sua duração compreende um período de estudo que vai de um ano e meio a dois anos. Já o curso superior, tem a duração de quatro anos, de acordo com autorizações do MEC. Por ter menos duração, o técnico ingressa mais rápido no mercado de trabalho, mas a renumeração é menor do que a do bacharel e, não raro, o profissional de nível superior gerencia profissionais de nível técnico. O curso técnico também não elimina a necessidade de investir em uma faculdade onde o aluno irá adquirir capacidade crítica e será instruído para criar planos, programas, projetos e realizar pesquisas no setor.
 A educação profissional recebida em uma faculdade ou universidade possui conceitos teóricos e, o acadêmico é capacitado para planejar, interpretar, avaliar e analisar informações tanto no setor público quanto no privado. É indicada para àqueles que ambicionam ocupar cargos de planejadores, gerentes, pesquisadores. Os graduados no curso superior de turismo são Turismólogos.
A educação profissional recebida em um curso técnico faz referência ao treinamento para a execução de rotinas operacionais e administrativas de agências ou operadoras de turismo, hotéis, bares e restaurantes, etc. É indicada para àqueles que pretendem ocupar cargos de recepcionista, garçom, guia de turismo, agente de viagem, entre outros. É pouco teórico e no término do curso o aluno será técnico em turismo.
Países em desenvolvimento como o Brasil carecem de pessoas com percepção apurada da indústria do Turismo, com formação apropriada para interpretar as tendências globais e garantir formas de desenvolvimento do turismo adequadas. Se você realmente quer se destacar como profissional no turismo nacional, o curso superior oferece ferramentas para isso.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Turismologando...

Se você não escapou das aulas de Política Nacional e Regional do Turismo deve se lembrar que o termo turismólogo, cunhado para denominar os bacharéis em turismo, nasceu em meados de 1970. O termo é mais velho do que eu, e olha que curioso: só descobri seu significado em 2002, quando ingressei na faculdade. Confesso que achei o nome feio, esquisito, engraçado. Lembro de um colega que comentou: “pensei que não houvesse nome de profissão pior que marqueteiro”.  O termo turismólogo pode até soar engraçado, mas a profissão não tem nada de piada, pelo contrário, sua origem é drama, um drama brasileiro.
Apesar de o curso ter surgido em 1971, apenas em 1973 ele passa a ser conhecido como objeto de estudo acadêmico e científico. Antes disso, a metodologia aplicada e conteúdos pedagógicos eram pouco claros e os recursos humanos escassos.  Os primeiros professores vieram da Espanha, e as aulas eram ministradas com a experiência e o conhecimento desses excelentes profissionais que tinham muito conhecimento sobre a realidade turística... da Europa. Pobres turismólogos pioneiros. Mas, nosso drama é brasileiro, e no Brasil até o drama pode acabar em samba, e as coisas começaram a melhorar. Aos poucos foram surgindo profissionais visionários, que acreditaram e se entregaram ao turismo, de corpo e alma. Alguns se apaixonaram, e gritaram esse amor, decidiram vestir a camisa, puseram-se a pesquisar, a especializar-se, a colocar a profissão original em outro plano e a querer ser turismólogo também.
Beni é um desses arrebatados. Mário Carlos Beni, mestre em Ciências Sociais, doutor em Comunicação e autor do livro “Análise Estrutural do Turismo”, aventurou-se a estudar o turismo nacional e passou a questionar a inexistência de uma política nacional de turismo.  Suas pesquisas de mestrado e doutorado têm como pano de fundo o turismo. O desejo brotou em vários outros professores que contribuíram através de seus campos de atuação (economia, administração, filosofia, psicologia, história, direito etc.) demonstrando preocupação com o estudo científico do turismo. Dentre eles posso citar: Margarita Barreto; Sarah S. Bacal; Walter Rodrigues da Silva; Maria Fernanda; Paulo Salles. Se você é aluno do primeiro semestre de turismo, guarde bem esses nomes, examine seus livros, leia suas pesquisas. Paulo Salles, por exemplo, foi um brilhante intérprete dos livros de Joffre Dumazedier e é considerado um dos maiores estudiosos de lazer do Brasil. No drama de nossa história tem até participação de coronéis e testas de ferro a serviço de multinacionais à época – se a informação atiçou sua curiosidade, leia Darcy Ribeiro, excelente escritor do assunto e respeitável antropólogo.
Um dos principais motivos que levava o acadêmico optar pelo curso de turismo era, em geral, a oportunidade de viajar para longe da ditadura do Brasil e das idéias nela contidas. Tais fatores contribuíram para a procura pelos cursos de turismo. Com isso, duas grandes áreas do saber passaram a demonstrar interesse pelo curso – as faculdades de Educação Física e a de Administração. A primeira derivava para si direito sobre as atividades teóricas e práticas do curso, em especial sobre o lazer. A segunda tentou uma cartada para reerguer o curso de Administração, em declínio devido à realidade sócio econômica da época – aumento da miséria, internacionalização ideológica etc – que afetou as faculdades particulares e aumentou consideravelmente a inadimplência nas mesmas. Em 1981 a Embratur lança a proposta de um currículo ínfimo, exclusivamente técnico. No decorrer dos anos novas propostas surgiram e foram aceitas, hoje as faculdades de turismo, inclusive a nossa – FASIPE – apresentam uma estrutura teórica metodológica própria e nacional onde o acadêmico é preparado para trabalhar com o turismo. O turismólogo é um profissional com competência para atuar no segmento turístico, habilitado para criar planos, programas e projetos voltados para o desenvolvimento do turismo.
Acredito que temos muito a festejar, mas ainda existe uma luta a ser vencida, a luta pela regulamentação, pelo crescimento e valorização do turismólogo. Não estamos mais em tempos de ditadura, não existe mais separação entre o acadêmico e o político. Somos transformadores da realidade turística e precisamos lutar por nossa categoria.