sexta-feira, 11 de março de 2011

Quando uma lembrança leva à outra

Já comentei anteriormente que uma das razões de escolher cursar Turismo foi a minha paixão por pessoas e cultura. Estava pensando sobre isso e lembrei-me da minha primeira professora do primário – Rani – uma jovem holandesa de pele e cabelos muito claros que morava na cidade de Lucas do Rio Verde no ano de 1984 e se esforçava para ensinar meia dúzia de crianças magras a ler e escrever... Ranic marcou minha infância, acho que nunca esquecerei seu rosto e seu jeito diferente de ser. Tudo nela era oposto ao que eu estava acostumada a ver numa pessoa: o seu jeito de falar, de vestir, de gesticular, de ensinar e até de comer. E esse negócio de comida é outro assunto que marcou minha infância. Naquela época, para se chegar à escola era preciso pegar um ônibus que recolhia os alunos e a professora às 5h da manhã e os devolvia em casa às 13h (longa história). Muitas vezes não dava tempo de tomar o café da manhã em casa, então preparávamos uma lancheira e fazíamos o desjejum no ônibus mesmo. Esse momento era interessante. Minha mãe – paulista – sempre preparava pão com manteiga e café com leite. Bruno, um amigo suíço, só levava frutas (e eu morria de pena dele). A mãe da minha melhor amiga, Vivi, era gaúcha e preparava um verdadeiro banquete com pão com ovo frito, ovos cozidos, pão com “ximia”, e não raro um pedaço de salame ou queijo. Mas, entre os variados pratos do cardápio matinal da galerinha do ônibus, o que mais me chamava à atenção era o da professora Rani: uma gororoba amarelada que ela carregava em uma latinha colorida e comia com muito gosto. Eu sempre quis saber que sabor aquilo tinha, e morria de vontade de enfiar meu dedo na lata e provar da iguaria. Mas, apesar de os alunos sempre dividirem a merenda, para a minha decepção a professora Rani nunca ofereceu nem um taco do café da manhã dela. Vários anos depois, quando eu já era moça, descobri que a guloseima que Rani tanto apreciava nada mais era que um insosso mingal de flocos de aveia (eca).

Mas, gente, memórias da infância à parte, hoje irei compartilhar com vocês um pouquinho do que eu pude vivenciar quando finalmente conheci o país da professora Rani, a Holanda!
Um dos muitos canais de Amsterdam
 Não consegui dormir durante o vôo de 11:30h da British Airways. Com os pés inchados e uma bruta ansiedade, eu não parava de olhar pela pequena janela do avião. Tudo o que eu conseguia ver eram nuvens desfiguradas abaixo da aeronave e já estava ficando nauseada com tudo aquilo, quando, finalmente, as nuvens se dissiparam e pude ver vários recortes de terra, que pareciam um gigantesco quebra-cabeça. Acordei meu companheiro de viagem e apontei para o maravilhoso quadro (em uma primeira viagem, tudo precisa ser registrado... rs). Conforme fomos aproximando da terra, percebemos que os recortes eram coloridos, e quando a aeronave baixou mais um pouco ficamos maravilhados ao descobrir que os gigantescos pedaços de terra coloridos eram na verdade quilômetros de plantações de tulipas que lembravam uma enorme colcha de retalhos. Foi assim, de queixo caído, que aterrissamos no aeroporto de Schiphol, em Amsterdam. Bons turistas que éramos, nem pensamos em cansaço, fome ou troca de fuso horário. Queríamos ver o quanto antes as famosas vaquinhas holandesas, comprar tamancos engraçados e tentar levar para o Brasil algumas mudas de tulipas.

Nossa programação para ficar na cidade era de 4 dias e três noites e foi insuficiente. Apesar de ser uma cidade pequena, há muito que conhecer e fazer em Amsterdam. Mundialmente conhecida por sua política liberal, a cidade é muito mais do que sexo drogas ou rock’n roll. Na verdade o bom mesmo é estar bem lúcido e sair para conhecer seus canais concêntricos e atravessar algumas de suas 400 pontes em um barco com som ambiente animado, comida gostosa e boa companhia (fica a dica: alugue um barco!). Para os românticos, é bom avisar que o tempo em que as tulipas estão totalmente desabrochadas é em abril.


Red Light District - O Bairro da Luz Vermelha

Se você programou sua viagem para Paris, Bruxelas ou Frankfurt convêm pegar um trem (que é barato) e aproveitar para conhecer a alegre Amsterdam. Quase tudo na cidade fica à beira de um canal: os pubs que vendem os famosos “bolos da alegria”; o “Red Light District, ou Bairro da Luz Vermelha onde as prostitutas fazem show nas vitrines (lá os que trabalham nesta indústria estão sob a proteção do Estado); cassinos; cafés aconchegantes etc. Há divertimento para todos os dias da semana.
Os passeios de barco são uma ótima opção para fazer amizade
É possível que os mais comportados fiquem chocados ao ver casais gays trocando beijos apaixonados, jovens fumando a danada “Marijuana” ao lado de policiais, ou prostitutas semi-nuas convidando os turistas para assistir o show de sexo explícito que será apresentado em uma das casas noturnas da cidade. O encanto disso tudo é que, de uma maneira incrível, tudo em Amsterdam parece certo e normal. É como um universo paralelo.


Se você quiser se afastar do centro e, literalmente, respirar ar puro, o ideal é alugar uma bicicleta e sair para conhecer o lado rural de Amsterdam. A poucos quilômetros da cidade há pastos verdes, cheios de vacas gordas que, dizem, fabricam o leite mais saboroso do mundo. A maioria dos proprietários das fazendas recebe muito bem os turistas e aproveitam para vender seus produtos: queijo, roupas, tamancos de madeira e outros souvenirs. 
 




 Se no Brasil o gringo só pensa em mulher bonita, samba e futebol, na Holanda o Brasileiro não sai satisfeito se não encontrar um dos famosos moinhos de vento. Uma paradinha para tirar fotos em frente a um moinho holandês é clássica. Na Holanda venta muito, e hoje em dia a maioria dos antigos moinhos são apenas atrativos turísticos e parte da herança cultural do país. Aos poucos eles foram substituídos por moinhos modernos, conhecidos como "turbinas de vento".

O roteiro cultural de Amsterdam também é muito completo. São 45 museus, dois deles mundialmente famosos – o “Rijksmuseum” e o “Vincent Van Gogh Museum” – com obras de grandes artistas holandeses como Rembrand, Picasso, Monet e, claro, Van Gogh.




Outra atração imperdível, que eu particularmente adorei, foi uma visita à casa de Anne Frank, local onde a adolescente judia se escondeu dos nazistas e escreveu seu diário no período da 2ª Guerra Mundial. Não tenho fotos, pois é proibido fotografar ou filmar o local. Para evitar a fila, o ideal é ir a um dos postos de atendimento ao turista da cidade e comprar um ingresso com hora marcada que dá direiro a entrada por um portinha exclusiva do museu (a maioria dos turistas são desinformados quanto a isso).
Tram ou Metro



 Para quem gosta de beber, uma visita à cervejaria Heineken é parada obrigatória. O local funciona como fábrica e museu. Há um trem circular que passa pela cidade toda das 9h às 19h e é a alegria dos turistas. Com um ticket é possível entrar e sair do trem quantas vezes quiser. No verão é muuuuuuito quente!! Verifique com seu agente de viagens se o quarto do hotel tem ar-condicionado, porque lá a maioria dos hotéis (e bons hotéis) só tem ventilador.