A UNESCO está lançando uma
relação dos 100 lugares que mais expressam o tráfico negreiro e a história do
negro africano, escravizados no Brasil. A iniciativa nasceu com o projeto
Rota do Escravo, criado em 1994 pela ONU para a UNESCO.
Segundo Milton Guran, fotógrafo,
antropólogo e emissário do Comitê Científico do projeto Rota do Escravo, o
objetivo do projeto é o reconhecimento dos lugares de memória da escravidão por
seus municípios. “Nós consideramos como o mais emblemático lugar de memória do
tráfico no Brasil e nas Américas o Cais do Valongo, na zona portuária do Rio.
Lá, funcionou o maior porto de entrada de escravos africanos das Américas”,
afirma.
“São os portos de desembarque, os
mercados de escravos, as irmandades fundadas por africanos no Brasil, que
tiveram um papel fundamental no diálogo da massa escravizada com o poder
político da época e na busca pela compra da liberdade, os quilombos e algumas
manifestações culturais que foram efetivamente fundadas por africanos depois de
chegarem ao Brasil”, esclarece Guran. “Não se trata de toda a cultura
afrobrasileira, mas daqueles lugares que marcam a ação do tráfico e as
estratégias iniciais daqueles africanos que chegaram ao Brasil”, conclui o
antropólogo.
O antropólogo acredita que os
locais da Rota do Escravo estimularão o turismo de memória. “A Unesco
identificou, a nível planetário, um movimento importante, por parte dos
afrodescendentes, de buscar as referências. E isto tende a aumentar, na medida
em que hoje temos uma classe média de descendência africana bastante
significativa. No Brasil nem tanto, mas nos Estados Unidos, onde as políticas
afirmativas já existem há décadas, muitos afroamericanos preferem conhecer um
lugar ligado à sua origem do que visitar Florença, Veneza ou Paris”.
*Informações Agência Brasil
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