sábado, 22 de janeiro de 2011

Turismologando...

Se você não escapou das aulas de Política Nacional e Regional do Turismo deve se lembrar que o termo turismólogo, cunhado para denominar os bacharéis em turismo, nasceu em meados de 1970. O termo é mais velho do que eu, e olha que curioso: só descobri seu significado em 2002, quando ingressei na faculdade. Confesso que achei o nome feio, esquisito, engraçado. Lembro de um colega que comentou: “pensei que não houvesse nome de profissão pior que marqueteiro”.  O termo turismólogo pode até soar engraçado, mas a profissão não tem nada de piada, pelo contrário, sua origem é drama, um drama brasileiro.
Apesar de o curso ter surgido em 1971, apenas em 1973 ele passa a ser conhecido como objeto de estudo acadêmico e científico. Antes disso, a metodologia aplicada e conteúdos pedagógicos eram pouco claros e os recursos humanos escassos.  Os primeiros professores vieram da Espanha, e as aulas eram ministradas com a experiência e o conhecimento desses excelentes profissionais que tinham muito conhecimento sobre a realidade turística... da Europa. Pobres turismólogos pioneiros. Mas, nosso drama é brasileiro, e no Brasil até o drama pode acabar em samba, e as coisas começaram a melhorar. Aos poucos foram surgindo profissionais visionários, que acreditaram e se entregaram ao turismo, de corpo e alma. Alguns se apaixonaram, e gritaram esse amor, decidiram vestir a camisa, puseram-se a pesquisar, a especializar-se, a colocar a profissão original em outro plano e a querer ser turismólogo também.
Beni é um desses arrebatados. Mário Carlos Beni, mestre em Ciências Sociais, doutor em Comunicação e autor do livro “Análise Estrutural do Turismo”, aventurou-se a estudar o turismo nacional e passou a questionar a inexistência de uma política nacional de turismo.  Suas pesquisas de mestrado e doutorado têm como pano de fundo o turismo. O desejo brotou em vários outros professores que contribuíram através de seus campos de atuação (economia, administração, filosofia, psicologia, história, direito etc.) demonstrando preocupação com o estudo científico do turismo. Dentre eles posso citar: Margarita Barreto; Sarah S. Bacal; Walter Rodrigues da Silva; Maria Fernanda; Paulo Salles. Se você é aluno do primeiro semestre de turismo, guarde bem esses nomes, examine seus livros, leia suas pesquisas. Paulo Salles, por exemplo, foi um brilhante intérprete dos livros de Joffre Dumazedier e é considerado um dos maiores estudiosos de lazer do Brasil. No drama de nossa história tem até participação de coronéis e testas de ferro a serviço de multinacionais à época – se a informação atiçou sua curiosidade, leia Darcy Ribeiro, excelente escritor do assunto e respeitável antropólogo.
Um dos principais motivos que levava o acadêmico optar pelo curso de turismo era, em geral, a oportunidade de viajar para longe da ditadura do Brasil e das idéias nela contidas. Tais fatores contribuíram para a procura pelos cursos de turismo. Com isso, duas grandes áreas do saber passaram a demonstrar interesse pelo curso – as faculdades de Educação Física e a de Administração. A primeira derivava para si direito sobre as atividades teóricas e práticas do curso, em especial sobre o lazer. A segunda tentou uma cartada para reerguer o curso de Administração, em declínio devido à realidade sócio econômica da época – aumento da miséria, internacionalização ideológica etc – que afetou as faculdades particulares e aumentou consideravelmente a inadimplência nas mesmas. Em 1981 a Embratur lança a proposta de um currículo ínfimo, exclusivamente técnico. No decorrer dos anos novas propostas surgiram e foram aceitas, hoje as faculdades de turismo, inclusive a nossa – FASIPE – apresentam uma estrutura teórica metodológica própria e nacional onde o acadêmico é preparado para trabalhar com o turismo. O turismólogo é um profissional com competência para atuar no segmento turístico, habilitado para criar planos, programas e projetos voltados para o desenvolvimento do turismo.
Acredito que temos muito a festejar, mas ainda existe uma luta a ser vencida, a luta pela regulamentação, pelo crescimento e valorização do turismólogo. Não estamos mais em tempos de ditadura, não existe mais separação entre o acadêmico e o político. Somos transformadores da realidade turística e precisamos lutar por nossa categoria.

5 comentários:

  1. Simone, parabéns por sua iniciativa!!!!!!! Fiquei emocionada !!!!!! Valeu mesmo! E tenho certeza que este blog servirá de apoio e informará nossos professores e acadêmicos. Como sempre digo e repito, o Turismo precisa de gente que faz e não de gente que critica, fala muito e não faz nada!! Parabéns!! Vamos publicar e divulgar nosso curso!

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  2. Querida que ótima iniciativa parabéns.Confesso que eu também desconhecia o nome de minha profissão e achei mesmo estranho, hoje sou literata, com muito orgulho. Me dedico às aulas de Espanhol do curso de Turismo e achei fantástica minha experiência acadêmica.É isso aí, vamos divulgar nosso curso!!!
    Besitos!!! rsrs

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  3. Obrigada, queridas!

    Clari, você pode compartilhar conosco sua experiência acadêmica. Será enriquecedor. Esse é um dos objetivos do blog, uma integração entre turismólogos e futuros turismólogos.

    Abraços

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  4. Que bom que gostou, Rose. Bom ver sua presença por aqui. Bj querida.

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