quinta-feira, 17 de maio de 2012

Projeto da UNESCO – Trazendo a memória da escravidão no Brasil

A UNESCO está lançando uma relação dos 100 lugares que mais expressam o tráfico negreiro e a história do negro africano, escravizados no Brasil. A iniciativa nasceu com o projeto Rota do Escravo, criado em 1994 pela ONU para a UNESCO. 

Segundo Milton Guran, fotógrafo, antropólogo e emissário do Comitê Científico do projeto Rota do Escravo, o objetivo do projeto é o reconhecimento dos lugares de memória da escravidão por seus municípios. “Nós consideramos como o mais emblemático lugar de memória do tráfico no Brasil e nas Américas o Cais do Valongo, na zona portuária do Rio. Lá, funcionou o maior porto de entrada de escravos africanos das Américas”, afirma.

“São os portos de desembarque, os mercados de escravos, as irmandades fundadas por africanos no Brasil, que tiveram um papel fundamental no diálogo da massa escravizada com o poder político da época e na busca pela compra da liberdade, os quilombos e algumas manifestações culturais que foram efetivamente fundadas por africanos depois de chegarem ao Brasil”, esclarece Guran. “Não se trata de toda a cultura afrobrasileira, mas daqueles lugares que marcam a ação do tráfico e as estratégias iniciais daqueles africanos que chegaram ao Brasil”, conclui o antropólogo.

O antropólogo acredita que os locais da Rota do Escravo estimularão o turismo de memória. “A Unesco identificou, a nível planetário, um movimento importante, por parte dos afrodescendentes, de buscar as referências. E isto tende a aumentar, na medida em que hoje temos uma classe média de descendência africana bastante significativa. No Brasil nem tanto, mas nos Estados Unidos, onde as políticas afirmativas já existem há décadas, muitos afroamericanos preferem conhecer um lugar ligado à sua origem do que visitar Florença, Veneza ou Paris”.

 
*Informações Agência Brasil

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